Quem sou eu

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Letra a letra e as aspas e reticências que a vida tem serão esboçadas aqui. Por quê? Já dizia Clarice Lispector, "Porque há o direito ao grito. Então eu grito". Só quero dividir as doçuras e azedumes, as rosas e espinhos que vou encontrando na Roseira da vida. Rosas pra você.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Delícia de Vida

Viver é doce e amargo ao mesmo tempo.
Duvido de quem diz que a vida são flores e açúcar. A vida não é assim. Mesmo.
Tem dias que a gente abre os olhos e vê o sol brilhar mesmo quando ainda não se pode ver. A gente sente o cheiro do café que vem da cozinha (ou do vizinho). E salta da cama cantarolando uma música cafona e antiga. Em dias como esse não existe mau humor de chefe, presenças indesejadas e programa chato na TV. Tudo parece estar sorrindo e conspirando para o melhor dos seus humores.
Já os dias amargos, surgem em domingos ocos e segundas feiras cinzentas. Normalmente. E também existem finais de semana que poderiam deixar de ocupar espaço no calendário.
No fim você percebe que o doce e o amargo, o bom e o ruim, são os ingredientes básicos daquela receitinha que se chama REALIDADE. Essa é a mistura da realidade. Se fosse tudo tão doce como açúcar, enjoaria. E o contínuo gosto amargo na boca também não agradaria o paladar da vida.
Digamos que a vida da gente é como um chocolate meio amargo. Aquele doce amargo, ou amargo meio doce. Funciona como um ciclo. Das tristezas força pra continuar e no caminho, alegrias que te dão a paz pra esquecer as tristezas.
Nada é 100%. Nem mesmo as maiores certezas. Sempre vai existir um ponto de interrogação, ou reticências mal esclarecidas ou o amargo lá no fim daquela taça de sorvete.
Mas o que a gente jamais pode se privar é da sobremesa de cada dia. Daquele algo mais. Do especial que fica pra depois ou para ser apreciado no melhor momento. Não esqueça da sobremesa.
Tudo bem que as pessoas esqueçam de você. Mas, quando a gente esquece da gente mesmo não tem como perdoar. Não se esqueça.
Encha a sua vida de guloseimas.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sim, eu aceito
Já imaginei tantos momentos perfeitos, tantas cenas de novela. Tantos filmes de comédia romântica.
Mulher é assim. A gente se veste de véu e grinalda e depois (só bem depois) decide se o mocinho serve ou não para o papel principal. O papel de galã dos nossos sonhos.
Tudo bem sonhar com o príncipe e se imaginar uma princesa vestida de noiva. Idealizar a festa e os momentos inesquecíveis. As flores, as luzes, os doces, a entrada triunfal e ele lá, esperando você. São tantas sensações, tantos momentinhos pra provar, viver, sentir, em tão pouco tempo... Mas os momentos inesquecíveis são assim, duram pouco mesmo.
Acontece que existe mulher que se perde em nuvens. Delira.
Celebrar datas importantes é legal. Mas existem sonhos perfeitos que só continuarão perfeitos se permanecerem lá, acima da linha que divide o imaginário do real.
Viver é uma sucessão de erros e acertos. Viver é ter que encarar a chuva quando é o sol que completaria o cenário ideal.
Porque ideal mesmo é a gente dar importância as coisas mais importantes. Parece redundante e óbvio, mas é impressionante como existem pessoas que ainda não aprenderam a lição.
E daí se o lugar não foi um jardim encantado. Ouvir eu te amo transforma qualquer ruela no melhor lugar do mundo. Entende o que eu quero dizer? Sentimento. È isso que deve nos mover, e não os detalhes que o rodeiam.
Eu também quero branco, véu e grinalda. Mas acima desse sonho de mulherzinha, sempre estará, ouvir o sim do homem que continuará me dizendo eu te amo para o resto de nossas vidas.
Casamentos são inspiradores. Mas o amor minha amiga, o amor real, é o que a gente precisa para continuar sonhando dia após dia.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


Sobre as Surpresas
É estranhamente perfeita a forma como a vida nos pega de surpresa.
A gente sonha um baile de gala e acredita com todas as forças possíveis que esta é a forma ideal de festejar. Daí vem a vida e lhe prepara uma reunião com amigos no barzinho da esquina. Leva tempo pra aceitar que nem tudo é como a gente sonha. Os sonhos são aqueles momentos de nuvem que as vezes não saem do travesseiro. Já a vida, é caminhar, é a batalha travada dia a dia, amanhecer a amanhecer. É uma mistura daquilo que faz palpitar o coração e daquilo que o faz querer parar de bater.
 A vida nos pega de surpresa mesmo. Em um dia comum, que prometia ser mais um número no calendário, você vê seus sonhos, suas metas, objetivos, tudo aquilo que foi cuidadosamente planejado, ser decepado. Tudo muda. Mudam as prioridades, muda o foco.
Mas como uma moeda, a vida também tem dois lados. O bom e o ruim. Acho que é assim com quase tudo.
Li um texto de Clarissa Corrêa que dizia: Foi esperando quase nada que um quase tudo apareceu.
Sim, são as ótimas surpresas que a vida nos prepara que nos fazem acreditar que esperar nunca será em vão.
Eu por exemplo, já não esperava muito. Um dia de sol em frente ao mar, uma tarde de fofoca com as amigas e um muito obrigado no trabalho já eram o bastante pra amenizar os ecos de um coração quase vazio. Então, como quem ganha uma medalha de honra ao mérito, fui presenteada com um “quase tudo”, que hoje ocupa um dos espaços mais bonitos no meu coração.
Entenda que nada nessa vida é previsível. Esteja pronto para receber com coragem as rasteiras da vida e com o coração aberto aos agrados surpreendentes que ela lhe fará.
Acredite, chega uma hora que a gente tem que ser feliz. Escolha ser agora, e quem sabe este seja o primeiro passo para que as grandiosas surpresas comecem a acontecer.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Doses de amor, por favor.


A gente se acostuma com amor, com amor em excesso, não em recesso. Dar e receber amor vicia, e é o tipo de vício que faz você ter medo de reabilitação.
Amor em excesso, se é que amor pode ser excessivo, é o vício que te envolve, que permeia todos os cantinhos da sua vida e vai infiltrando na sua história de um jeito intrometido e folgado. Amor não tem educação. Chega como quem não deve satisfação a ninguém. "Chega chegando" sem ter vergonha na cara.

Ele é tão argucioso, que te faz perder a noção de início e fim. Tudo fica com jeitinho de ser amor antes mesmo de você pensar que poderia ser.

É o sentimento cheio de confusões que te dá uma única certeza: Se é amor não existem dúvidas. Você fala, você afirma, confirma e grita pra quem quiser ouvir. E se não quiser ouvir, não tem problema. Quem ama não está nem aí para a insignificância de quem não acredita neste sentimento.

Eu também não creditava nessa história. A gente cresce escutando contos de fadas e depois aprende que eles não existem. Sim, contos de fadas realmente não existem. Mas a vida real... Humm... Ela pode ser muito melhor.

Porque quando existe amor dentro da gente, ser feliz fica simples demais. Eu amo você, você me ama, que é igual a “a gente pode ser muito feliz juntos”.

Só é aterrorizantemente triste pensar que em alguns "contos de realidade" o amor acaba e que isso na maioria das vezes não acontece para os dois. Amar sozinho não deveria ser permitido.

Se hoje eu pudesse realizar um desejo, seria este: Por favor, doses de amor ao mundo e algemas para unir eternamente os corações.

sábado, 30 de julho de 2011

Sobre a Queda


Cair, ir ao chão, tombar. A palavra por si só já remete ao declínio. Despencar na ladeira, cair da cadeira, estar abaixo. E a dificuldade não está apenas na queda, mas nas conseqüências que surgem quando se chega ao chão.

Dói. São machucados feios. Feridas expostas que não cicatrizam. Curativos que incomodam e o medo de despencar novamente. Mas quer saber, se jogar nem sempre é tão ruim assim. Nem sempre é sinônimo de dor.

Cair de cabeça em um livro por exemplo. Daqueles que te fazem viajar por lugares nunca imaginados. Isso não dói.

Se jogar sem medo e de braços abertos ao alcance de um sonho. Aquele sonho que continuamente esteve interligado a felicidade que você sempre adiou. Se jogue nele. Sem medo. A possibilidade de não conseguir alcançá-lo é grande, mas a de conquistá-lo também é.

Esteja pronto para o salto ornamental que vai fazer você mudar a história que contará para os netos.

Se jogue em um dia de chuva ao encontro de suas pessoas especiais. Pule com tudo no dia de sol. Dias são únicos. Sol ou chuva. O dia de hoje não se repetirá. Mergulhe nele, se deixe envolver, por inteiro. Caia de cabeça no mar e em uma tarde gostosa de gargalhadas com os seus.

E no amor... Maneira perfeita de se jogar. Sem olhar para trás, nem para o lado ou para qualquer outra coisa que ouse te impedir. É tão singelo e grandioso cair na vida de alguém. Sem receio. São sorrisos e abraços. Mergulhe fundo no olhar de quem lhe quer bem.

Cair em precipícios, quando estes representam o mistério do outro, são quedas necessárias, que podem não machucar. As vezes até curam as cicatrizes deixadas por aventuras passadas.

Caia! Jogue-se. Pode ser lentamente, ou como um raio. Caia na medida exata para alcançar o seu chão.    



quinta-feira, 28 de julho de 2011


Bagunça do coração aos pés


Que vontade de arrumar o guarda roupa. Aquela vontade que surge em um domingo a tarde, chuvoso e cheio de nostalgia.

Gaveta a gaveta você revira peças de roupas e recordações. Separa tudo por cores, por modelo ou estilo. Guarda roupas guardam histórias que nem sempre se quer recordar.

E chega a hora de se desfazer. Me desfaço daquele vestido que comprei não sei porque, da blusa que não serve mais, da calça que desbotou. É simples. Basta se desfazer.

Mas existe muito além do simples desejo de deixar tudo arrumadinho. Como o guarda roupa perfeito de uma pessoa perfeita.

Uma vez, conversando com uma amiga, chegamos a conclusão de que o guarda roupa bagunçado não é o problema. O que incomoda mesmo é a bagunça que se esconde dentro da gente.
Acho que foi isso. Foi bem isso que queria fazer. Organizar tudo, do coração aos pés. Aos próximos passos que eles dariam.

O que utilizo mais ficou guardado. Empilhadinho na prateleira mais privilegiada. O que estava sobrando, doei. Sempre existe alguém a quem possa ser útil. O que não presta mais, se joga fora. No Lixo.

Não é assim com os sentimentos? Não é assim que organizamos o coração? Os sentimentos mais nobres, as pessoas mais queridas ficam no lugar privilegiado. Têm prioridade. E não importa se é inverno ou verão. Eles estarão sempre lá.

Doar. Isso a gente faz todos os dias. E se não faz, deve começar a praticar. Doe amor, doe carinho, esperança... Quanto mais se doa, mais se tem.

Já o que não presta, eu jogo fora mesmo. Para quê guardar mágoa, rancor, remorso. Vai tudo pro lixo sem chance de ser reciclado. Só não se desfaça de lembranças. Além de ser muito difícil, de uma forma ou de outra, elas serão sempre aprendizado.

Organizar o guarda roupa é o ensaio pra arrumar a vida da gente. No fim, você percebe que tudo tem o seu lugar, e que as coisas que não tem mais serventia podem ser descartadas. Acredite, elas não fazem falta.

Guarda roupa e vida organizados. Pronta para começar a bagunçar tudo novamente.
Sei lá, talvez isso faça sentido.

domingo, 3 de julho de 2011

Temporada das Flores

Como explicar o inexplicável? Certos momentos deveriam ser simplesmente definidos como perfeitos. Você sonha a vida inteira com o olhar que vai fazer seu coração parar e que vai refletir você sorrindo com os olhos brilhando também.
Você espera pelo abraço que te fará sentir a pessoa mais protegida do mundo. E é nesse abraço que você espera ouvir o coração de outra pessoa batendo descompassado, assim como o seu, em uma sinfonia de corações.
No seu sonho, dois pares de cílios se acariciam, e neste momento se reconhecem. O melhor toque, a temperatura perfeita, o gosto perfeito, o cafuné sem pressa mais desejado. Você espera ouvir a voz que vai sussurrar baixinho em seu ouvido que você é importante. Mas, importante mesmo é quem você é quando está com essa pessoa.
É engraçado, mas tem gente que tem cheiro de dia ensolarado. De tarde de sol em frente ao mar com a cabeça vazia de problemas e o coração cheio de estrelas. E como brilham.
Tem gente, e são raras, que tem cheiro de dia de festa. Daquela festa que você esperou o ano inteiro e finalmente chegou. Perto de pessoas assim, a gente esquece que existe fome no mundo e que milhares de olhares tristes esperam por um mundo melhor.
É perto delas que a gente descobre que a vida pode ser doce – (mesmo sem chocolate). E que os bons momentos, aqueles que te tiram do chão, que te aquecem, aqueles momentos acompanhados de borboletas, músicas perfeitas, paisagens inquestionáveis, existem sim. Existem e te fazem acreditar que viver é magnífico, é só a gente que por um tempo desaprendeu como faz, como sente.
Perto de pessoas assim, a gente lembra que existe céu azul, que o barulho do mar é canção, que o cheiro de chuva é perfume que nunca mais vai cair no esquecimento. E a gente finalmente percebe que não importa como começou, quanto tempo faz ou até quando vai durar. O importante mesmo é ter a certeza de que se está ao lado de quem pode fazer seu coração parar e ainda assim continuar vivendo.
Abraço apertado, voz que acaricia, olhar que prende, sorriso que entontece. Das névoas que encobriam meu coração, já nem me lembro mais.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Novamente

Odeio me sentir inconveniente. Quando me sinto boba me odeio mais ainda.
Outra coisa que me dói como uma pedra no sapato é não entender nada. Tenho o triste hábito de preencher as lacunas daquilo que não entendo. E sei que nem sempre acerto.
È que já vi isso acontecer outras vezes. A vida me faz pertencer só pra que eu veja o que eu perco não pertencendo. Mas depois pega de volta. Me deixa no deserto novamente. É o tipo de situação que você não tem a quem culpar, a não ser a você mesma. Culpa que se carrega sem saber por que e nem até quando.
Gosto amargo. Dia ruim.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fui ser Feliz e não volto

Eu quero tudo e quero agora. Não tenho tempo para amanhã, porque amanhã posso não ser mais eu. Posso ter mudado de jeito, de opinião, de coração.
Quero tudo que é bom. Não pense que isso é mimo de menina grande. È só medo. Medo de enfrentar a decepção e o tarde-demais.
Odeio ouvir que é tarde demais e de sentir que é tarde demais. Já sentiu isso? A sensação de que se foi, de que já era? Cruel aceitar que poderia ter sido, mas agora já passou, se foi, acabou.
Já cheguei tarde e não quero mais me atrasar. A vida que me ature, sempre com uma hora de antecedência e com evento marcado para hoje sem falta. Minha agenda tem 365 dias, que começam de manhã e terminam logo à noite. Odeio esperar. Adiar então, é castigo que eu não gosto de me submeter. Não sou intransigente, sou (apenas) urgente. Posso ser intensa também. Mas isso só às vezes, só quando vale a pena.
Não gosto do morno. Pode ser frio ou quente, preto ou branco. Não me venha com nuances e degrades. Não quero isso, dispenso. Tem que ser ou não ser. E isso é simples.  
Viver tem que ser perturbador. Tem que mexer com a gente e chacoalhar os sentimentos. Perdemos tempo demais com futuro, e ele nem sempre acontece. O presente é agora, e por falar nisso, eu já estou atrasada. “Fui ser feliz e não volto”.


Guarda-Gotas

Está chovendo? Que estranho, eu nem percebi. Jurava que eram apenas gotas de água que caíam do céu. Porque chuva pra mim sempre teve outro significado, outro batuque.
Chuva era quando todas as portas se fechavam, e era quando eu me perdia atrás de uma delas, às vezes a chave escorria junto, afundava, me escondia entre paredes sem janelas e frestas.
Chuva era quando as cores desapareciam. Existia o preto e o branco. Arco íris era uma história que um dia alguém inventou.
Quando eu virava muralha e o sorriso sumia, era a chuva que caia em mim. E já na tempestade era alguém que morria um pouco, que desbotava. Era eu. Calor era sensação que eu não sentia. E o silêncio que doía os tímpanos era um louco a gritar em meus ouvidos. Tudo cinza.
O engraçado é que hoje eu nem percebi. Será que é chuva mesmo?
A verdade é que quando o coração está contente não há água que apague a luz que a gente vê. O sol brilha mesmo com gotas de água caindo do céu. Mero detalhe. Nada que um guarda-gotas não possa resolver.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Elas

A cada dia que passa e a cada enrascada em que me meto, sinto mais saudade das minhas amigas. Aquelas que faziam parte do clube, que guardavam todos os meus segredos, que juravam amizade eterna. Entre nós, não se julgava um sorriso. Não se duvidava da sinceridade de um convite. Não existiam dúvidas.
Éramos fiéis umas as outras. A confiança de estar ao lado de quem lhe amava era certa e constante entre nós. Tenho tanta saudade Delas, mas não aquela saudade que dói. É saudade nostálgica, aquela que às vezes é bom sentir.
Talvez a lembrança não seja apenas de minhas amigas, mas daquele tempo em que se podia fazer a festa do pijama e falar sobre meninos até o dia nascer. Podíamos rir a noite inteira, e cantar desafinadas sem se preocupar. Não conhecíamos o significado da palavra preocupação. Sonhávamos com o futuro, com a profissão, o primeiro namorado, o casamento e tantos outros sonhos, doces e puros.
Trocávamos cartinhas, trocávamos roupas e até as famílias às vezes. Um fim de semana era pouco para tudo que precisávamos fazer e articular. Até as férias de verão eram pequenas demais.
Hoje me sobram eventos sociais, reuniões, confraternizações que jamais chegarão aos pés das nossas “festinhas”.
Nos palcos montados, onde representar papéis é habitual, me contento com caras amarradas, sorrisos forçados, incompatibilidade e indiferença. Preço alto a pagar. A vida segue, e a gente evolui. Será?

sábado, 28 de maio de 2011


Lado a lado

Frio, silêncio e escuridão. Estive refletindo sobre muita coisa hoje e me confrontei com a verdade de que estas três palavras não são tão assombrosas como eu as imaginava.
É constrangedor quando você percebe que se acostumou com situações que antes lhe causavam buracos no peito. Eu tinha calor suficiente pra aceitar um longo inverno dentro de mim e isso era forte demais para ser ignorado.
Mas com o tempo você acostuma. Afeiçoa-se a salas de estar vazias, com o eco da TV, com os passos solitários, com as alegrias não compartilhadas.
E você aprende a vibrar com as conquistas e a comemorar loucamente sozinha.
Salas de estar vazias já não são mais tão frias, e a escuridão dos ambientes até te fazem companhia, te abraçam no aconchego do sofá em uma quinta feira ingrata.
Acontece que, enquanto o mundo grita e esperneia lá fora é preciso calar aqui dentro. É preciso sentir. E a gente aprende a fazer tudo isso sozinho. E espera o som de outros passos a caminhar lado a lado, mesmo que ainda em silêncio.
Eu admito, acostumaria ainda mais rápido com a companhia de passos a caminhar comigo na mesma direção.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dança comigo?

Às vezes somos música, as vezes  dança e outras vezes  solidão.
Não. Não se pode ser tudo ao mesmo tempo e nem há tempo suficiente para ser tudo que se quer.
Quando se é música, as batidas te embalam, te conduzem. De manhã uma bossa nova, a tarde um samba e a noite um bolero. E é nesse ritmo que a gente se move.
A gente pode ser música lenta, triste, triste de dar nó no peito. Há dias que somos tango, com tal intensidade e paixão que a ele cabe. Podemos ser rock, loucos, sem juízo, sem medo de gritar aquilo que se quer dizer.
Samba de gafieira é um ótimo ritmo para se viver. Movimento, alegria, rebolado. Levando tudo com gingado e sorriso faceiro.
A vida não é mesmo uma dança? Movida pelos mais belos compassos, as mais belas canções, mesmo que tristes às vezes. Sim, porque existe beleza na tristeza.
Viver é um ir e vir conforme a música. E até há os talentosos que compõe a sua própria canção. Chamamos esses de vitoriosos.
E entre um passo e outro, a descoberta de novos movimentos, novas possibilidades, novos ritmos prontos para serem vividos.
Há quem dance sozinho coreografias ensaiadas. Às vezes sem calor, sem emoção, sem companhia. É triste, mas é assim que é.
Trago comigo uma coleção de belas canções, e com elas sorrisos, olhares, sentimentos. Levo também os passos que aprendi. Aqueles que cansei de dançar e aqueles que me renderam bons momentos, porque os ruins a gente joga fora, esquece.

Viva, dance, cante. Não tenha medo. Viver é tão bom... E se puder ser cantando e dançando, fica ainda melhor.

sexta-feira, 6 de maio de 2011


Dos abraços que o coração dá


Tem dias que a gente não quer palavra, não quer sorriso e nem olhares.
Há dias, e dias como este são difíceis de explicar, que a gente quer abraço, quer contato.
Um dia me disseram que quando abraçamos, encostamos um coração no outro, e é por isso, por esta intensidade de corações, que gestos como este, são tão magníficos.
A magnitude de um abraço não está no toque. Está no aconchego e na serenidade que causa ao coração. A gente não precisa estar perto pra sentir o mais forte deles.
Há palavras que abraçam, olhares e sorrisos que te tiram do chão e te rodam e rodam até você ficar tonta. Sim, descobri que palavras abraçam e que fazem isso quando são sinceras, quado são lançadas por pessoas que nos arrancam sorrisos no meio de noites sem graça e que de um jeito inexplicável fazem os olhos brilharem como os diamantes mais caros.
Aquelas que te fazem acreditar que um suspiro desanuviador em meio a uma tarde turbulenta não é sintoma de loucura, é só saudade.
Dos abraços que o coração dá, hoje eu pediria apenas um.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ponteiros Não Param


Bochechas rosadas, olhos escondidos entre as rugas. Mas brilhantes, ainda vivos.
Face doce de menina nascida há muitos anos atrás.
Era a minha avó, a me olhar profundamente na alma.
Puxou todo o ar que pode e suspirou. Na tentativa de jogar para longe as lembranças que em segundos retratavam seus 84 anos de vida.
- É... Meu amor, quem pudesse parar só um pocadinho os ponteiros do relógio. Eu vou e volto, mas ele continua lá, tic, tac, tic, tac. E ainda há tanto para fazer...
Ela sabia que os ponteiros jamais parariam, assim como sua cede de viver.
Eu apenas a abracei forte e de olhos fechados, que era para não deixar aquele momento escapar.
- É vovó... O tempo não para.
Sim, eu também já pensei em parar ponteiros.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vamos dizer tudo que há pra dizer

Eu não gosto de olhar para trás. Tudo bem que erros são aprendizados, as vitórias são referências. Mas não é disso que estou falando. Falo de outra coisa.
Falo dos anos que ficaram para trás sem dizer tudo o que queriam dizer.
Quantos "Eu sinto saudade", "Eu não quero", "Eu quero", "Eu amo você" deixamos de dizer.
Lamento, não porque gosto de discursos nostálgicos e sem propósito, mas, porque não se pode alcançar o tempo que passou.
O "Eu amo você" de três anos atrás, não cabe mais para hoje. O "Eu sinto saudade" que quase deixamos escapar, não sente mais tanto assim hoje.
Mas, se não se senti mais, lamentar parece profano, sem lógica e motivo de ser.
A verdade é que relembrar as intensidades da vida é divinamente melhor e mais divertido do que simplesmente olhar para trás e dizer com pesar: - É... O tempo passa.
O tempo passa sim, mas pode ser saboreado a cada segundo. Pode ser verdadeiro a cada segundo.
A verdade das palavras é o primeiro passo para se viver do jeitinho que o coração pede.
Diga eu te amo, fale que sente saudade, que quer mais perto, que quer bem longe, que não quer nunca mais. Mas fale.
Deixe o que você é e o que você quer ser, ter uma chance de acontecer.