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Letra a letra e as aspas e reticências que a vida tem serão esboçadas aqui. Por quê? Já dizia Clarice Lispector, "Porque há o direito ao grito. Então eu grito". Só quero dividir as doçuras e azedumes, as rosas e espinhos que vou encontrando na Roseira da vida. Rosas pra você.

sábado, 30 de julho de 2011

Sobre a Queda


Cair, ir ao chão, tombar. A palavra por si só já remete ao declínio. Despencar na ladeira, cair da cadeira, estar abaixo. E a dificuldade não está apenas na queda, mas nas conseqüências que surgem quando se chega ao chão.

Dói. São machucados feios. Feridas expostas que não cicatrizam. Curativos que incomodam e o medo de despencar novamente. Mas quer saber, se jogar nem sempre é tão ruim assim. Nem sempre é sinônimo de dor.

Cair de cabeça em um livro por exemplo. Daqueles que te fazem viajar por lugares nunca imaginados. Isso não dói.

Se jogar sem medo e de braços abertos ao alcance de um sonho. Aquele sonho que continuamente esteve interligado a felicidade que você sempre adiou. Se jogue nele. Sem medo. A possibilidade de não conseguir alcançá-lo é grande, mas a de conquistá-lo também é.

Esteja pronto para o salto ornamental que vai fazer você mudar a história que contará para os netos.

Se jogue em um dia de chuva ao encontro de suas pessoas especiais. Pule com tudo no dia de sol. Dias são únicos. Sol ou chuva. O dia de hoje não se repetirá. Mergulhe nele, se deixe envolver, por inteiro. Caia de cabeça no mar e em uma tarde gostosa de gargalhadas com os seus.

E no amor... Maneira perfeita de se jogar. Sem olhar para trás, nem para o lado ou para qualquer outra coisa que ouse te impedir. É tão singelo e grandioso cair na vida de alguém. Sem receio. São sorrisos e abraços. Mergulhe fundo no olhar de quem lhe quer bem.

Cair em precipícios, quando estes representam o mistério do outro, são quedas necessárias, que podem não machucar. As vezes até curam as cicatrizes deixadas por aventuras passadas.

Caia! Jogue-se. Pode ser lentamente, ou como um raio. Caia na medida exata para alcançar o seu chão.    



quinta-feira, 28 de julho de 2011


Bagunça do coração aos pés


Que vontade de arrumar o guarda roupa. Aquela vontade que surge em um domingo a tarde, chuvoso e cheio de nostalgia.

Gaveta a gaveta você revira peças de roupas e recordações. Separa tudo por cores, por modelo ou estilo. Guarda roupas guardam histórias que nem sempre se quer recordar.

E chega a hora de se desfazer. Me desfaço daquele vestido que comprei não sei porque, da blusa que não serve mais, da calça que desbotou. É simples. Basta se desfazer.

Mas existe muito além do simples desejo de deixar tudo arrumadinho. Como o guarda roupa perfeito de uma pessoa perfeita.

Uma vez, conversando com uma amiga, chegamos a conclusão de que o guarda roupa bagunçado não é o problema. O que incomoda mesmo é a bagunça que se esconde dentro da gente.
Acho que foi isso. Foi bem isso que queria fazer. Organizar tudo, do coração aos pés. Aos próximos passos que eles dariam.

O que utilizo mais ficou guardado. Empilhadinho na prateleira mais privilegiada. O que estava sobrando, doei. Sempre existe alguém a quem possa ser útil. O que não presta mais, se joga fora. No Lixo.

Não é assim com os sentimentos? Não é assim que organizamos o coração? Os sentimentos mais nobres, as pessoas mais queridas ficam no lugar privilegiado. Têm prioridade. E não importa se é inverno ou verão. Eles estarão sempre lá.

Doar. Isso a gente faz todos os dias. E se não faz, deve começar a praticar. Doe amor, doe carinho, esperança... Quanto mais se doa, mais se tem.

Já o que não presta, eu jogo fora mesmo. Para quê guardar mágoa, rancor, remorso. Vai tudo pro lixo sem chance de ser reciclado. Só não se desfaça de lembranças. Além de ser muito difícil, de uma forma ou de outra, elas serão sempre aprendizado.

Organizar o guarda roupa é o ensaio pra arrumar a vida da gente. No fim, você percebe que tudo tem o seu lugar, e que as coisas que não tem mais serventia podem ser descartadas. Acredite, elas não fazem falta.

Guarda roupa e vida organizados. Pronta para começar a bagunçar tudo novamente.
Sei lá, talvez isso faça sentido.

domingo, 3 de julho de 2011

Temporada das Flores

Como explicar o inexplicável? Certos momentos deveriam ser simplesmente definidos como perfeitos. Você sonha a vida inteira com o olhar que vai fazer seu coração parar e que vai refletir você sorrindo com os olhos brilhando também.
Você espera pelo abraço que te fará sentir a pessoa mais protegida do mundo. E é nesse abraço que você espera ouvir o coração de outra pessoa batendo descompassado, assim como o seu, em uma sinfonia de corações.
No seu sonho, dois pares de cílios se acariciam, e neste momento se reconhecem. O melhor toque, a temperatura perfeita, o gosto perfeito, o cafuné sem pressa mais desejado. Você espera ouvir a voz que vai sussurrar baixinho em seu ouvido que você é importante. Mas, importante mesmo é quem você é quando está com essa pessoa.
É engraçado, mas tem gente que tem cheiro de dia ensolarado. De tarde de sol em frente ao mar com a cabeça vazia de problemas e o coração cheio de estrelas. E como brilham.
Tem gente, e são raras, que tem cheiro de dia de festa. Daquela festa que você esperou o ano inteiro e finalmente chegou. Perto de pessoas assim, a gente esquece que existe fome no mundo e que milhares de olhares tristes esperam por um mundo melhor.
É perto delas que a gente descobre que a vida pode ser doce – (mesmo sem chocolate). E que os bons momentos, aqueles que te tiram do chão, que te aquecem, aqueles momentos acompanhados de borboletas, músicas perfeitas, paisagens inquestionáveis, existem sim. Existem e te fazem acreditar que viver é magnífico, é só a gente que por um tempo desaprendeu como faz, como sente.
Perto de pessoas assim, a gente lembra que existe céu azul, que o barulho do mar é canção, que o cheiro de chuva é perfume que nunca mais vai cair no esquecimento. E a gente finalmente percebe que não importa como começou, quanto tempo faz ou até quando vai durar. O importante mesmo é ter a certeza de que se está ao lado de quem pode fazer seu coração parar e ainda assim continuar vivendo.
Abraço apertado, voz que acaricia, olhar que prende, sorriso que entontece. Das névoas que encobriam meu coração, já nem me lembro mais.