Quem sou eu

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Letra a letra e as aspas e reticências que a vida tem serão esboçadas aqui. Por quê? Já dizia Clarice Lispector, "Porque há o direito ao grito. Então eu grito". Só quero dividir as doçuras e azedumes, as rosas e espinhos que vou encontrando na Roseira da vida. Rosas pra você.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

 
AS PORTAS QUE NÃO SE ABREM
 
É perturbador pensar nos milhares de possibilidades que já estiveram diante de você, e de todos os caminhos e escolhas que lhe fizeram ser quem você é hoje.
 

Estava revendo e-mails antigos, abrindo espaço para coisas novas e me deparei com infinitos possíveis finais. Finais que eu não escolhi.
 

Se eu não usasse de tanta cautela talvez hoje eu fosse uma frustrada dona de casa, ou poderia estar na Irlanda morando em uma bela mansão tendo como coleção uma infinita lista de traições.
 

Se eu tivesse mais coragem talvez teria vivido alguns anos no exterior, teria ampliado horizontes, cultivado novos amigos, aprendido um novo idioma. Talvez.
 

Eu poderia ter me matriculado nas aulas de ballet e ter hoje uma coletânea de sapatilhas cor de rosa. Ou quem sabe ter cursado psicologia e me deparar com problemas alheios que eu não saberia me envolver até o limite que o profissionalismo me permitiria.

 
São situações não vividas. Foram “talvez”. Histórias interrompidas por princípios e sentimentos que falaram mais alto.

 
É estranho esse fator decisório que todos nós possuímos. Quantas vezes a oportunidade de crescer lhe bateu a porta e você recusou. Quantas tantas outras, o amor lhe atingiu, mas você fugiu e se escondeu até ele desistir e ir embora.

 
Acho que no fundo a gente sente quando deve ir adiante. Quando deve aceitar a oferta, agarrar a proposta, viver um amor, a gente sabe que deve seguir.

 
Talvez porque não estamos preparados para viver aquilo que a vida nos reservou para aquele momento. E, seres livres que somos, mudamos o percurso. Guardamos o melhor para mais tarde.

 
Neste ato de esperar, de adiar, muitas pessoas se perdem e perdem os momentos que nem sempre retornam quando finalmente estamos prontos.

 
Cada porta aberta, uma história. As portas fechadas que deixamos para traz nem sempre se abrem novamente. Perde-se a chave, troca-se a fechadura e o que ela guardava lá dentro, jamais iremos descobrir.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

 
São Só Palavras
 
Não consigo viver na superfície dos sentimentos. Não consigo viver o morno e achar normal. Confesso que tentei, e por vezes sofri calada a abstinência de emoção, daquelas fortes, que chacoalham, que te estremecem e te colocam no prumo. Tudo ao mesmo tempo.
Abstinência de afeto, de segurança e de mãos entrelaçadas. Sabe o que é isso?
É que existe mais querer no meu coração do que eu supunha, existe mais urgência do que eu achei que poderia haver. Que culpa carrego se me tenho visto enfraquecer lentamente?
Que coração poderia estar em festa quando o que se ama continua indo embora.
Eu continuo ficando, vendo o que há de melhor em mim se afastar lenta e continuamente, pra quem sabe depois de uma esquina qualquer, nunca mais voltar.
A verdade é, que o que dizemos e ouvimos não é, e nunca será o mais importante. E é por isso que fica difícil me iludir. Sabe, às vezes eu tento. Tento acreditar, mas sei que as ações valem mais. Comovem-me mais.  São o fogo que queima a água morna que não me serve.
A gente cansa das palavras. A gente se cansa da ausência de atitude. E isso é lamentável meu Caro.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

CONTINUAR
Eu sempre gostei de aprender. Desde criança o novo me surpreendia. Sentia aquela vontade de me empenhar a fazer algo da melhor forma. Melhor e diferente dos outros.
Muita gente á assim. Isto é ser humano. É querer ser alguém, e não apenas mais um. É querer ser útil. É entender e mostrar “à que veio”.
Acontece que o tempo vai passando, você vai crescendo, vai se decepcionando, vai amando, e aprende a odiar também.
Daí surgem os aprendizados que a gente não quer aprender, mas que são empurrados goela abaixo. A gente engole o orgulho, a personalidade e não tem outra opção além de continuar.
É difícil aprender que às vezes a gente precisa dizer não quando gostaria de dizer sim, e que é preciso dizer sim quando sua voz deseja, arde por um não gritado e veiculado em rede nacional.
Dói aprender a abaixar a cabeça. A recuar o passo. A entender que você não pode ir além.
As pessoas te recitam discursos prontos, frases de efeito desenhadas com grafite na cor dourada. “Você pode, você é capaz, basta acreditar nos seus sonhos, ser feliz depende de você”. Não. Ser feliz não depende só da gente mesmo. Quem foi que inventou essa nuvem de pensamentos cor de rosa?
A gente precisa mesmo é aprender a viver apesar de. A gente precisa aprender a engolir o orgulho e aprender a vomitar a verdade às vezes.
 
Equilíbrio, esta é a palavra. Pé no chão é o complemento.
 

domingo, 22 de julho de 2012

Amor e suas Pieguices

Você descobre o que é amor de verdade quando percebe que se despedir fica difícil. E os nós ficam complicados demais pra desatar. Porque amor, não é laço em fita de cetim.

É quando a dor do outro te dói igualmente no peito, te incomoda de verdade e te faz perder o sono. Porque amor é união, e o que está unido, sente igual, chora junto, se dói junto.

Amor é aquilo que te faz pensar “eu nunca havia sentido isso” e que te faz suspirar simplesmente. Daqueles suspiros que saem do lugar mais lindo que existe dentro da gente.

É um querer bem que vai além do que te faz bem. É se anular as vezes. É ceder. Mesmo quando isso dói. Sim, porque a gente se dói para agradar o outro, a gente se dói pra permanecer na vida do outro, porque a gente sabe que doeria imensuravelmente mais seguir sozinho.

Amor de verdade é aquele sentimento que te faz acompanhar com os olhos o outro caminhando, indo embora, até perdê-lo de vista. E que te faz orar, suplicar a Deus para que ele retorne.

Amor não é conto de fadas. Não é Bela Adormecida, Cinderela, Bela e a fera. Não, amor é uma porção de realidades. É saudade, é gargalhada, é suspiro e respirar fundo, é perder a calma, é a calma que a gente precisa.

Amor é essa mistura louca. Esse montão de frases piegas. E como é bom acreditar e sentir toda essa pieguice.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

BOA ÍNDOLE FALSIFICADA

Eu sempre tive um coração confortável e preparado para receber muito bem quem por algum motivo cruzasse o meu caminho.

Sempre acreditei que se fizesse o bem, se desejasse o bem, o bem me seria desejado. Mas, sendo a vida um labirinto, um jogo cheio de erros e acertos, descobri de um jeito gradativo e em doses homeopáticas que eu nem sempre estava certa.

Existe muita gente mau caráter desfilando por aí boa índole falsificada. Muita mulher que não vale nada. Muito homem que se esconde atrás de um título, uma capa, um personagem.

Sabe o que é pior? Tem gente que além de não valer nada é esperta. Come pelas beiradas. Odeio as que se fazem de coitadinhas. Essas ganham o troféu.

Quando falo que a gente descobre de um modo gradativo, me refiro aos tapas que você leva ao longo da vida. As decepções e uma infinidade de “seres” que você, assim como eu, também deve ter catalogado.

Hoje minha cota de lugares no coração é limitada. Pra poucos. Minha tolerância vai até onde minha classe consegue suportar.Minha indiferença nunca esteve tão ativa. E também nunca senti tanta pena de quem não vale nada. Aquele tipo de pena que significa mais ou menos “Lamento, é isso que você merece”.

Parece azedo, eu sei. Mas nem tudo é doce. Pelo menos dentro de mim. Assumo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Nós, laços e fitas

Não sei bem como explicar, mas tem dias que a mulher segura que existe na gente passa um batom vermelho pega a bolsa e vai embora.
E é justamente neste dia que você vai duelar com adversários que te estilhaçam. Na verdade, eles nem são melhores que você.
O difícil é fazer a mulher insegura que ficou de plantão neste dia entender tudo isso.
Eu sofro calada as vezes. Tenho ciúmes. E que mulher não tem?
Pode ser linda, segura, independente e maior de idade. Esses lapsos de insegurança as vezes aparecem. E com a sutiliza com que surgem, desaparecem também.
Eu tenho vergonha de assumir essa fraqueza ridícula, talvez você também tenha. Mas é assim, a gente não consegue optar por ser continuamente uma pedra inabalável.
Mulher é sentimento. Uma porção deles. Misturados, entrelaçados. São nós, laços e fitas. Tudo isso dentro da gente.
Acha que é fácil ser mulher? E o engraçado é que a gente AMA tudo isso.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Lembranças

Lembro dos domingos em que eu acordava com o barulhinho de minha mãe preparando o café. Era o dia em que todos estávamos em casa. Os cinco.
Eu tinha um quarto laranja. Cheio de coisas minhas, com significados magníficos e valores incalculáveis. Lembro de quando a nossa casa era rodeada por um gramado lindo e verde. E das maratonas percorridas por mim e meu irmão. Tudo era tão simples. Tão leve. Era tudo perfeito na sua simplicidade.
A gente guarda lembranças que nem parecem lembranças. São como “agoras” vividos a um tempo atrás. Vivos na lembrança. Você pode sentir os cheiros, escutar as vozes e ver nitidamente os sorrisos, os gestos.
O tempo passa, muda a casa, a cidade, as pessoas. As lembranças deveriam passar também. Falo daquelas que doem. Que te fazem comparar o ontem distante com o hoje.
Mas elas não passam. Acho até que permanecem para provar a nossa pequenez e fragilidade diante do tempo.
Ano a ano, o longa metragem que acumula nossas melhores lembranças vai revelando a moral da história. E narra aquilo que decidimos viver.
Suspense, aventura, drama. Acho que o gênero muda inúmeras vezes entre o abrir e o fechar definitivo dos olhos.
Acrescente no filme da sua vida, muitas cenas de aventura, algumas de romance e um pouco de suspense, que é pra não correr o risco de desprender os olhos ou cochilar nos melhores momentos da história.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pedaços do que Somos

Nunca imaginei que um dia teria que me mudar e que ficaria distante dos meus pais... E que ficaria sozinha. A gente não imagina aquilo que não quer que aconteça.
Imaginamos o  glamour de uma vida independente. Esquecemos que pra independer de alguém a gente precisa primeiramente depender da gente mesmo. E parece óbvio, mas esquecemos que sozinhos, não podemos suprir o abraço gostoso da mãe, as conversas longas e agradáveis com o pai, as gargalhadas e a cumplicidade dos irmãos e o ombro dos amigos.
É  por isso que hoje continuo dependente de tudo e de todos que amo. Depender é a prova do pertencimento. E como é bom pertencer a alguém.
Eles estão lá e eu aqui, mas pertencemo-nos um ao outro. E iremos sempre pertencer, depender. A gente jamais esquece daqueles que nos ensinam o valor da vida, a importância do sorriso e do amor próprio.
 Família é o porto seguro, o clubinho onde você é você mesmo e onde ninguém vai deixar de te amar por isso. A gente se ama apesar daquilo que somos.
Somos uma família.
Aos meus amores. Pedaços de mim.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Nossas Tempestades Internas

Talvez já tenha acontecido com você. Existem notícias que desabam. Despencam às 5 horas de uma tarde que só pedia para terminar como todas as outras. Sem grandes acontecimentos, sem fibrilações desacertadas.
Sabe aquele momento em que você recebe uma notícia e a partir daquele conjunto de palavras vomitadas tudo congela? Congela o seu corpo e as pessoas em volta, que passam a ser meros figurantes da sua crise de mundo perfeito.
Digo crise de mundo perfeito porque o mundo não é e nem chega perto de ser um mar de rosas. Crise, porque já estamos calejados de saber que notícias ruins podem e irão chegar a qualquer momento. Seja em dia de festa ou de profundo pesar.
Notícias ruins não chegam para avisar, alertar, dar sinais. Notícias ruins simplesmente chegam. Chacoalham você e exigem reações e decisões racionais. E cretinamente, é nesta hora que você vai faltar com você mesmo. Você vai se abandonar, vai fraquejar e como uma forma de regressão a quem você era a 20 anos atrás, você se entrega ao choro.
São nossas tempestades internas. O mar revolto que arrasta sentimentos.
Alguns lutam, mas morrem por ondas covardes que engolem e carregam para as profundezas de lugares que se desconhece.
Náufragos sentimentos. E daqueles  que sobrevivem, espera-se somente que, um dia possam se aproximar do mar sem a terrível recordação.
Tempestades passam, calmarias se instalam. E os sentimentos sobreviventes tentam recomeçar.
Bem longe do mar.