AS PORTAS QUE NÃO SE ABREM
É perturbador pensar nos milhares de possibilidades que já
estiveram diante de você, e de todos os caminhos e escolhas que lhe fizeram ser
quem você é hoje.
Estava revendo e-mails antigos, abrindo espaço para coisas novas
e me deparei com infinitos possíveis finais. Finais que eu não escolhi.
Se eu não usasse de tanta cautela talvez hoje eu fosse uma
frustrada dona de casa, ou poderia estar na Irlanda morando em uma bela mansão
tendo como coleção uma infinita lista de traições.
Se eu tivesse mais coragem talvez teria vivido alguns anos no
exterior, teria ampliado horizontes, cultivado novos amigos, aprendido um novo
idioma. Talvez.
Eu poderia ter me matriculado nas aulas de ballet e ter hoje uma
coletânea de sapatilhas cor de rosa. Ou quem sabe ter cursado psicologia e me
deparar com problemas alheios que eu não saberia me envolver até o limite que o
profissionalismo me permitiria.
São situações não vividas. Foram “talvez”. Histórias
interrompidas por princípios e sentimentos que falaram mais alto.
É estranho esse fator decisório que todos nós possuímos. Quantas
vezes a oportunidade de crescer lhe bateu a porta e você recusou. Quantas
tantas outras, o amor lhe atingiu, mas você fugiu e se escondeu até ele
desistir e ir embora.
Acho que no fundo a gente sente quando deve ir adiante. Quando
deve aceitar a oferta, agarrar a proposta, viver um amor, a gente sabe que deve
seguir.
Talvez porque não estamos preparados para viver aquilo que a
vida nos reservou para aquele momento. E, seres livres que somos, mudamos o
percurso. Guardamos o melhor para mais tarde.
Neste ato de esperar, de adiar, muitas pessoas se perdem e
perdem os momentos que nem sempre retornam quando finalmente estamos prontos.
Cada porta aberta, uma história. As portas fechadas que deixamos
para traz nem sempre se abrem novamente. Perde-se a chave, troca-se a fechadura
e o que ela guardava lá dentro, jamais iremos descobrir.
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