Quem sou eu

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Letra a letra e as aspas e reticências que a vida tem serão esboçadas aqui. Por quê? Já dizia Clarice Lispector, "Porque há o direito ao grito. Então eu grito". Só quero dividir as doçuras e azedumes, as rosas e espinhos que vou encontrando na Roseira da vida. Rosas pra você.

sábado, 28 de maio de 2011


Lado a lado

Frio, silêncio e escuridão. Estive refletindo sobre muita coisa hoje e me confrontei com a verdade de que estas três palavras não são tão assombrosas como eu as imaginava.
É constrangedor quando você percebe que se acostumou com situações que antes lhe causavam buracos no peito. Eu tinha calor suficiente pra aceitar um longo inverno dentro de mim e isso era forte demais para ser ignorado.
Mas com o tempo você acostuma. Afeiçoa-se a salas de estar vazias, com o eco da TV, com os passos solitários, com as alegrias não compartilhadas.
E você aprende a vibrar com as conquistas e a comemorar loucamente sozinha.
Salas de estar vazias já não são mais tão frias, e a escuridão dos ambientes até te fazem companhia, te abraçam no aconchego do sofá em uma quinta feira ingrata.
Acontece que, enquanto o mundo grita e esperneia lá fora é preciso calar aqui dentro. É preciso sentir. E a gente aprende a fazer tudo isso sozinho. E espera o som de outros passos a caminhar lado a lado, mesmo que ainda em silêncio.
Eu admito, acostumaria ainda mais rápido com a companhia de passos a caminhar comigo na mesma direção.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dança comigo?

Às vezes somos música, as vezes  dança e outras vezes  solidão.
Não. Não se pode ser tudo ao mesmo tempo e nem há tempo suficiente para ser tudo que se quer.
Quando se é música, as batidas te embalam, te conduzem. De manhã uma bossa nova, a tarde um samba e a noite um bolero. E é nesse ritmo que a gente se move.
A gente pode ser música lenta, triste, triste de dar nó no peito. Há dias que somos tango, com tal intensidade e paixão que a ele cabe. Podemos ser rock, loucos, sem juízo, sem medo de gritar aquilo que se quer dizer.
Samba de gafieira é um ótimo ritmo para se viver. Movimento, alegria, rebolado. Levando tudo com gingado e sorriso faceiro.
A vida não é mesmo uma dança? Movida pelos mais belos compassos, as mais belas canções, mesmo que tristes às vezes. Sim, porque existe beleza na tristeza.
Viver é um ir e vir conforme a música. E até há os talentosos que compõe a sua própria canção. Chamamos esses de vitoriosos.
E entre um passo e outro, a descoberta de novos movimentos, novas possibilidades, novos ritmos prontos para serem vividos.
Há quem dance sozinho coreografias ensaiadas. Às vezes sem calor, sem emoção, sem companhia. É triste, mas é assim que é.
Trago comigo uma coleção de belas canções, e com elas sorrisos, olhares, sentimentos. Levo também os passos que aprendi. Aqueles que cansei de dançar e aqueles que me renderam bons momentos, porque os ruins a gente joga fora, esquece.

Viva, dance, cante. Não tenha medo. Viver é tão bom... E se puder ser cantando e dançando, fica ainda melhor.

sexta-feira, 6 de maio de 2011


Dos abraços que o coração dá


Tem dias que a gente não quer palavra, não quer sorriso e nem olhares.
Há dias, e dias como este são difíceis de explicar, que a gente quer abraço, quer contato.
Um dia me disseram que quando abraçamos, encostamos um coração no outro, e é por isso, por esta intensidade de corações, que gestos como este, são tão magníficos.
A magnitude de um abraço não está no toque. Está no aconchego e na serenidade que causa ao coração. A gente não precisa estar perto pra sentir o mais forte deles.
Há palavras que abraçam, olhares e sorrisos que te tiram do chão e te rodam e rodam até você ficar tonta. Sim, descobri que palavras abraçam e que fazem isso quando são sinceras, quado são lançadas por pessoas que nos arrancam sorrisos no meio de noites sem graça e que de um jeito inexplicável fazem os olhos brilharem como os diamantes mais caros.
Aquelas que te fazem acreditar que um suspiro desanuviador em meio a uma tarde turbulenta não é sintoma de loucura, é só saudade.
Dos abraços que o coração dá, hoje eu pediria apenas um.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ponteiros Não Param


Bochechas rosadas, olhos escondidos entre as rugas. Mas brilhantes, ainda vivos.
Face doce de menina nascida há muitos anos atrás.
Era a minha avó, a me olhar profundamente na alma.
Puxou todo o ar que pode e suspirou. Na tentativa de jogar para longe as lembranças que em segundos retratavam seus 84 anos de vida.
- É... Meu amor, quem pudesse parar só um pocadinho os ponteiros do relógio. Eu vou e volto, mas ele continua lá, tic, tac, tic, tac. E ainda há tanto para fazer...
Ela sabia que os ponteiros jamais parariam, assim como sua cede de viver.
Eu apenas a abracei forte e de olhos fechados, que era para não deixar aquele momento escapar.
- É vovó... O tempo não para.
Sim, eu também já pensei em parar ponteiros.